Palavras...

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terça-feira, 14 de abril de 2015

Fora da zona de conforto: A GUERRA DO FIM DO MUNDO de Mario Vargas Llosa.

Como são duras, certas realidades...

 
Peguei a ideia de falar sobre livros que me tiraram de minha zona de conforto com a doce Jaqueline do canal ESTANTE ALADA no YOUTUBE (Jackie criou o tema e me deixou copiar). Ela definiu os livros desta categoria como aqueles que nos incomodam por tratarem de assuntos áridos e difíceis de encarar.

Já li alguns que se encaixam neste “perfil”, e escolhi para fazer o primeiro artigo com este tema um livro que trata de um fato histórico: A Guerra de Canudos.
 
"Este é um dos livros mais importantes de Mario Vargas Llosa, um épico latino-americano em que o autor reconta a Guerra de Canudos - conflito que está entre os mais dramáticos da história do Brasil."
 


 
 
A GUERRA DO FIM DO MUNDO
Autor: Mario Vargas Llosa
Editora Alfaguara
606 páginas
 
 
 
 
 
 A Campanha de Canudos foi o embate entre o Exército Brasileiro e os integrantes do movimento popular liderado pelo líder espiritual/ideológico Antonio Conselheiro.

O perrengue durou de Novembro de 1896 até Outubro de 1897. Período em que três expedições militares saíram derrotadas pelos “guerrilheiros” de Canudos e uma quarta investida derrubou de vez o sonho socialista do arraial e seus habitantes.
As baixas: 5.000 militares e 20.000 civis...


- Analisem os números.


Arraial de Canudos - Belo Monte BA
 
A GUERRA DO FIM DO MUNDO foi, para mim, uma das leituras de mais difícil travessia. E tenho certeza que só consegui chegar ao fim desta jornada porque Mario Vargas Llosa é um escritor fenomenal.

São muitos os pontos de vistas e diversas as agruras. O livro conta as histórias de várias personagens que vão se envolver de forma direta ou indireta na Campanha, mostrando os caminhos percorridos por elas até o fatídico Outubro e alguns meses após o massacre.

São na sua grande maioria, caminhos duríssimos. Tanto, que quando eu pensava que já tinha lido o drama mais sofrido do texto, lá vinha uma pancada ainda mais forte.
Mas apesar do cenário de horror que compõem a narrativa – a seca, a miséria, a violência, a ambição, os pontos de vistas tortos (principalmente dos poderosos) – este é um relato feito com muita beleza e poesia.
 
"Os carinhos, os arrulhos, o consolo, o cheiro dessa mulher que matara o próprio filho (...) e que se tornara a sacerdotisa de Canudos, eram parecidos com o ópio e o éter, uma coisa suave e letárgica, uma grata ausência, e se perguntou se alguma vez, quando criança, a mãe que ele não conheceu o acariciou assim e lhe transmitiu esta sensação de invulnerabilidade e indiferença ante os perigos do mundo." (p.514)

 "A política foi uma carga que assumiu por incapacidade dos outros, pela excessiva estupidez, negligência ou corrupção dos outros, e não por vocação íntima: sempre o incomodou, aborreceu, sempre lhe pareceu uma tarefa insossa e deprimente, pois revelava, melhor que qualquer outra, as misérias humanas. Além disso, sentia um rancor secreto contra a política, tarefa absorvente que o obrigara a sacrificar a vocação científica que sentia desde menino, quando colecionava borboletas e fazia herbários." (p.571) 

M.V.L - Escreve muuuuito!
 
Viva Vargas Llosa! Que conseguiu fazer dor e sofrimento, pedra e areia, bala e sangue, verterem um lindo livro.


 

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