Palavras...

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terça-feira, 10 de março de 2015

Não é resenha, é experiência: O ANJO DO QUARTO DIA de Gilvan Lemos.

Como alguns livros têm o poder de nos “acompanhar” por anos a fio...

 

Hoje eu vou falar de um livro que eu li pela primeira vez quando tinha uns 19, 20 anos (faz um tempinho...) e que quando eu acabei pensei assim: “Tô besta!”

Acho que foi a primeira vez que um livro me “desorganizou”. Se é que vocês me entendem...

Sabe aquele tipo de história que quando acaba deixa a gente zonza, de queixo caído?
 
Que quando a gente lê a última frase não sabe o que fazer.
 
Não sabe se fecha o livro e “curte” a sensação.
 
Não sabe se volta para o começo e ler tudo de novo...
 
Que faz você ficar falando sozinha coisas do tipo:

“Puuuutz! O-QUE-FOI-IS-TO?”
 
 


O ANJO DO QUARTO DIA
Autor: Gilvan Lemos
Editora Globo
168 páginas

Ganhador do Prêmio Érico Veríssimo de Literatura. (1981)

 
"Primeiro colocado no 3° Prêmio Erico Verissimo de Romance, este livro bem merece o patrocínio do nome do maior romancista gaúcho. Como ele, também Gilvan Lemos é homem de compromisso com seu tempo, e visualiza com olhos críticos os descaminhos da sociedade brasileira e das suas velhas estruturas de poder."
 



O artigo de hoje é para falar sobre este colosso. Um livro que me provocou e me tirou de minha zona de conforto. Um livro cheio de personagens torpes e capazes das piores baixezas, mas que me abriu os olhos para a existência de seus equivalentes “humanos”.
 
A história se passa em uma cidade do interior e narra a trajetória de Orico Rezende, que começou a vida como guardador de porcos e acaba por tornar-se, através de várias artimanhas, o “dono” do local. Aquele tipo de chefe político que manda e desmanda, que cria uma dinastia ao redor de si para nunca sair do poder. A família Rezende parece ser imbatível e imune a tudo, até que a “entidade” que dá título ao livro entra em cena.
 
Toda vez que o leio me maravilho com o modo de Gilvan Lemos “escancarar” na ficção coisas que, infelizmente, ainda acontecem no jogo do poder da vida real.
 
“Microcosmo inquietante, em que as leis só valem quando convêm aos poderosos, em que aos fracos só resta a esperança de um milagre, O ANJO DO QUARTO DIA retrata um sistema político cruel, que anula as vontades, espezinha a verdade, cala pelo assassínio e apaga com a força a revolta legitima dos perseguidos. Entretanto há nele também as hesitações de parte a parte, o medo da queda e da morte, a tolice de governantes e governados, e uma solução irônica, enigmática.”
 
Foi tão impactante e me marcou de tal forma, que virou referência em minha vida de leitora. Já recomendei para meio mundo de gente, sempre torcendo para que tenham a mesma experiência que eu.
 
Gilvan Lemos, Pernambucano.
 
 
Gilvan Lemos é um escritor brilhante e uma pessoa extremamente tímida. Não gosta muito de falar. E precisa?
 
Precisa não Gilvan!
 
 
Aviso!
 
Os livros de Gilvan não são fáceis de encontrar em edições novas. Quem se interessar e tiver dificuldade, procure no site ESTANTE VIRTUAL.

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