Nossas boas intenções e nossos interesses podem estar, muitas vezes, em lados opostos.
"Damião fugiu do seminário às onze horas da manhã de uma sexta-feira de agosto. Não sei bem o ano; foi antes de 1850. Passados alguns minutos parou vexado; não contava com o efeito que produzia nos olhos da outra gente aquele seminarista que ia espantado, medroso, fugitivo."
Assim começa O CASO DA VARA, conto da coletânea PÁGINAS RECOLHIDAS, em que Machado de Assis demonstra por A + B como nós, frequentemente, abandonamos nossos bons impulsos para abraçarmos o que é conveniente.
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| Editora Globo, 152 páginas | 
Damião, o seminarista fugitivo, acaba encontrando guarida na casa de Sinhá Rita, uma senhora viúva muito  "querida" de seu padrinho. 
O padrinho, um "moleirão sem vontade", jamais convenceria o compadre (uma fera) de tirar o afilhado do seminário. Damião, todavia,  intui corretamente: colocar a viúva para defender sua causa finda sendo a melhor chance de conseguir a liberdade.
E é na "parceria" que ele estabelece com Sinhá Rita que reside a cruel moral desta história.
O CASO DA VARA é um conto com passagens verdadeiramente hilariantes - dignas dos melhores sitcoms - mas, que ao final, cala nossas gargalhadas com um tremendo "tapa na cara", dado pela afiada pena de Seu Machado.
Brutal.
Brilhante.
Um beijo e ótimas leituras.

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