Palavras...

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sexta-feira, 13 de março de 2015

É Poético: Livro GRÃOS NA EIRA de Lenilde Freitas

Como eu descobri que as palavras têm sabor...

 

 


AMANHÃ, 14 de março é o dia nacional da poesia. A data foi escolhida por ser aniversário de nascimento de Castro Alves, poeta romântico e abolicionista, considerado um dos mais brilhantes poetas brasileiros até hoje.


Desde criança gosto muito de poesias. Eu adorava “decorar” poemas e ficar recitando dentro de casa - feito quem canta. Devia ser um tormento para as pessoas ao meu redor, mas eu nem ligava...eram palavras que tinham um gosto tão bom!

Comecei com Cecília Meireles e Vinícius de Moraes. Depois veio Mario Quintana, que foi o poeta de minha adolescência. Na faculdade os que mais me marcaram foram Drummond, Augusto dos Anjos, João Cabral de Melo Neto, Manoel Bandeira, Mauro Mota, Joaquim Cardozo...
Não teria como eu fazer um artigo sobre todos. Então resolvi indicar para vocês um belíssimo livro de poemas, de uma escritora que tive o privilégio de conhecer pessoalmente e que merece ser muito divulgada pelo grande talento que tem.








GRÃOS NA EIRA

Autora: Lenilde Freitas

Atelier Editorial

64 páginas











Eu a conheci em 2004, quando fazia pós-graduação em literatura brasileira e ela foi minha colega de turma. Um mulher muito elegante, muito discreta... Só descobrimos que era poeta (e premiadíssima) porque nosso professor de teoria do texto poético a reconheceu e fez a maior festa.
As poesias dela são deliciosas de ler e ouvir. Lenilde sabe selecionar e organizar palavras como poucos e cria imagens lindas.
Escolhi o poema que abre o livro para nos presentear...
Boa Poesia para todos!
A palavra
 
A palavra
essa rédea
me governa.
A palavra
essa lâmina
me reparte.
Ai de mim
que sou tantas
e tão sem arte
é a que
em um chão de sílabas
se prosterna.
Ai de mim
que sou tantas
a procurar-te
palavra
que não és
e és eterna.


terça-feira, 10 de março de 2015

Não é resenha, é experiência: O ANJO DO QUARTO DIA de Gilvan Lemos.

Como alguns livros têm o poder de nos “acompanhar” por anos a fio...

 

Hoje eu vou falar de um livro que eu li pela primeira vez quando tinha uns 19, 20 anos (faz um tempinho...) e que quando eu acabei pensei assim: “Tô besta!”

Acho que foi a primeira vez que um livro me “desorganizou”. Se é que vocês me entendem...

Sabe aquele tipo de história que quando acaba deixa a gente zonza, de queixo caído?
 
Que quando a gente lê a última frase não sabe o que fazer.
 
Não sabe se fecha o livro e “curte” a sensação.
 
Não sabe se volta para o começo e ler tudo de novo...
 
Que faz você ficar falando sozinha coisas do tipo:

“Puuuutz! O-QUE-FOI-IS-TO?”
 
 


O ANJO DO QUARTO DIA
Autor: Gilvan Lemos
Editora Globo
168 páginas

Ganhador do Prêmio Érico Veríssimo de Literatura. (1981)

 
"Primeiro colocado no 3° Prêmio Erico Verissimo de Romance, este livro bem merece o patrocínio do nome do maior romancista gaúcho. Como ele, também Gilvan Lemos é homem de compromisso com seu tempo, e visualiza com olhos críticos os descaminhos da sociedade brasileira e das suas velhas estruturas de poder."
 



O artigo de hoje é para falar sobre este colosso. Um livro que me provocou e me tirou de minha zona de conforto. Um livro cheio de personagens torpes e capazes das piores baixezas, mas que me abriu os olhos para a existência de seus equivalentes “humanos”.
 
A história se passa em uma cidade do interior e narra a trajetória de Orico Rezende, que começou a vida como guardador de porcos e acaba por tornar-se, através de várias artimanhas, o “dono” do local. Aquele tipo de chefe político que manda e desmanda, que cria uma dinastia ao redor de si para nunca sair do poder. A família Rezende parece ser imbatível e imune a tudo, até que a “entidade” que dá título ao livro entra em cena.
 
Toda vez que o leio me maravilho com o modo de Gilvan Lemos “escancarar” na ficção coisas que, infelizmente, ainda acontecem no jogo do poder da vida real.
 
“Microcosmo inquietante, em que as leis só valem quando convêm aos poderosos, em que aos fracos só resta a esperança de um milagre, O ANJO DO QUARTO DIA retrata um sistema político cruel, que anula as vontades, espezinha a verdade, cala pelo assassínio e apaga com a força a revolta legitima dos perseguidos. Entretanto há nele também as hesitações de parte a parte, o medo da queda e da morte, a tolice de governantes e governados, e uma solução irônica, enigmática.”
 
Foi tão impactante e me marcou de tal forma, que virou referência em minha vida de leitora. Já recomendei para meio mundo de gente, sempre torcendo para que tenham a mesma experiência que eu.
 
Gilvan Lemos, Pernambucano.
 
 
Gilvan Lemos é um escritor brilhante e uma pessoa extremamente tímida. Não gosta muito de falar. E precisa?
 
Precisa não Gilvan!
 
 
Aviso!
 
Os livros de Gilvan não são fáceis de encontrar em edições novas. Quem se interessar e tiver dificuldade, procure no site ESTANTE VIRTUAL.

domingo, 8 de março de 2015

Mais Mangá: O JOGO DO REI vols. 1 & 2

Como estou precisando que alguém me diga se vale à pena ou não insistir nesta história...


Volumes 1 e 2 - JBC - Série em 5 volumes.

 
A brincadeira jogo do rei é muito popular entre os jovens japoneses e pelo o que eu entendi funciona mais ou menos com o mestre mandou - que na minha longínqua infância era uma brincadeira da qual eu quase nunca participava. Achava muito sem graça ficar recebendo comandos arbitrários de pirralhos remelentos. (Rá!)
 
"Nem sei se as crianças hoje em dia brincam disso..."
 
Talvez esta antipatia tenha sido transferida para a trama do Mangá, ou talvez eu tenha mesmo é ficado incrivelmente incomodada pelo fato da história mostrar adolescentes envolvidos em situações medonhas.
 
Na narrativa de Nobuaki Kanazawa, 32 alunos de uma turma do 1° ano do ensino médio são levados a participar compulsoriamente do bendito jogo. A partida e as regras foram estabelecidas por um REI desconhecido e sádico que manda as ordens via mensagens de texto.
 
 
Os 32 alunos
 
As primeiras ordens são coisas do tipo: “Aluno número tal deve beijar a aluna número tal na boca.” “Fulano deve lamber o pé de Sicrana.”
 
Já não são comandos muito legais e a partir da terceira mensagem o tempo fecha. A ordem não é cumprida e os dois alunos-alvo do desafio são encontrado mortos, aparentemente vítimas de suicídio.
 
Reação à notícia da morte dos dois colegas.
 
É óbvio que os meninos e meninas da turma entendem que as mortes ocorreram por conta da desobediência ao REI. E é mais óbvio ainda que o desespero e o pânico acaba tomando conta do grupo, fazendo com que eles se submetam a situações tétricas.
 
Sim, eu estou curiosa para saber quem é o REI...
 
E sim, tenho a esperança de haver algo extraordinário nos próximos volumes, que explique a motivação do maluco...
 
Mas devo confessar que até agora o enredo só tem me irritado.
 
Tô achando tudo muito sem pé nem cabeça, e se a sequência não tiver uma grande virada vou ficar “danada da vida” de ter gasto dinheiro em vão nos três volumes que faltam para completar a história.
 
Os lindos desenhos de HITORI RENDA são o ponto forte do Mangá.
 
 Alguém me dá uma luz?!?
 
 
 

quarta-feira, 4 de março de 2015

Romance Histórico: MUNDOS DE EUFRÁSIA de Cláudia Lage

Como o clichê "dinheiro nem sempre traz felicidade" faz todo sentido neste caso...


 
História muito bem narrada por Cláudia Lage
 
Eu poderia começar este artigo com um dado picante da história, que daria um tom de fofoca e atiçaria a curiosidade de muitos. Aí, meus  amigos leitores sairiam voando com seus mouses para fazer pesquisa na internet sobre o assunto...mas eu não vou começar assim!
 
 
Vou começar dizendo que Eufrásia Teixeira Leite foi, já no século 19, o que nós, mulheres do século 21, conseguimos ser hoje (AINDA) à duras penas; Uma mulher financeiramente independente, dona do próprio nariz e do resto de seu corpo!
 
APLAUDO!!!!
 
Quando os pais morreram em 1872 as duas filhas, Eufrásia com 22 anos e Francisca com 27, herdaram toda fortuna deixada por eles.
 
Era muuuito dinheiro, minha gente...
 
Para vocês terem uma ideia, elas eram mais ricas que o imperador D. Pedro II.
 
O pai. Joaquim Teixeira Leite

E teve mais; como haviam sido educadas pelo pai para serem mulheres de negócio, e Eufrásia conhecia profundamente as finanças da família, com o passar dos anos, a fortuna herdada foi aplicada em diversos tipos de investimentos e multiplicadas em várias vezes.
 
As moças dominavam até no mercado de ações e se tornaram o que hoje conhecemos por “bilionárias”.  
 
A vida de Eufrásia, porém, não foi um mar de rosas como muitos podem ser levados a imaginar. Ela teve que lidar com o temperamento difícil da irmã, a ganância dos parentes e uma grande frustração amorosa.
Bonita e poderosa...

Agora sim, momento fofoca: Eufrásia foi apaixonada por (e amante de) Joaquim Nabuco.
 
O Casamento só deixou de acontecer porque Nabuco não aceitou o acordo pré-nupcial que determinava que a união dos dois deveria ser com separação total de bens. Ele "subiu nas tamancas" e alegou que os termos eram uma afronta à sua moral...
 
Pasmem! O homem que lutou com unhas e dentes pela libertação dos escravos, que foi até ao Papa pedir apoio para a causa abolicionista, era um MACHISTA! Um homem apaixonado, mas que deixou o orgulho falar mais forte.
 
Eufrásia Teixeira Leite morreu aos 80 anos, sem filhos, sem ter casado e, ao que tudo indica, com um imenso vazio na alma. A grande parte de sua fortuna foi deixada para obras de caridade, o que a faz ser considerada uma das maiores filantropas brasileiras.
 
Li este livro já faz um tempinho, mas toda vez que o pego na estante meu coração se aperta e eu me compadeço com a história de Eufrásia - e de Francisca também. Duas mulheres que tinham, aparentemente, tudo para serem felizes, mas que  viveram vidas incompletas.
 
 

segunda-feira, 2 de março de 2015

Leituras do mês de Fevereiro (2015)

Como eu fiz um “carnaval” na minha seleção do mês...

 

Tchau Fevereiro...

Sim Minha Gente! Fevereiro foi uma bagunça em termos de leitura, lógica ZERO entre tudo que eu li. Pense numa doidice...

Eu havia iniciado 2 livros em Janeiro – A Dama do Cachorrinho e Viva o Povo Brasileiro – e estava com NADA em mente para dá uma incrementada nas leituras. Terminei Tchekhov, empaquei com João Ubaldo Ribeiro e fiquei com cara de “lesa” sem saber o que fazer.

Aí começou o ano letivo!
 
Que maravilha!!!!
 
As crianças precisando de uma atenção especial... tarefas de casa... trabalho escolar... leitura de paradidático... e eu continuei com cara de “lesa”.

Arrumando as malas para viajar no carnaval decidi levar um livro de Agatha Christie e os dois primeiros volumes do mangá O Jogo do Rei. Todos devidamente devorados no feriadão! Delícia...
 
A partir daí eu voltei com todo amor para João Ubaldo e engatei nas outras leituras, que foram “acontecendo” de acordo com a inspiração do momento.
 
Vamos a elas.
 
Tchekhov, Christie, Fuentes
A DAMA DO CACHORRINHO E OUTROS CONTOS - A.P. Tchekhov (Editora 34)
 
MORTE NO NILO - Agatha Christie (Record)
 
AURA - Carlos Fuentes (LPM)

 
Volumes 1 e 2 (de 5)

O JOGO DO REI (vols. 1 & 2)  - Ousama Game (JBC)


Maior exemplo de discrepância entre as leitura do mês...



HIROSHIMA, A CIDADE DA CALMARIA - Fumiyo Kouno (JBC)

GREEN BLOOD vol.1 - Masasumi Kakizane (JBC)
 
 
 
AH!!! Ainda teve a HQ de Celine que eu tive que ler também...KKKKKKK
 
Tive que ler...
 

Um ótimo início de semana para todos!