Palavras...

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terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Clássicos da Literatura Brasileira: TIL de José de Alencar

O livro que me fez ser menos implicante com a obra alencarina. 


Ateliê Editorial, 382 páginas

  Eu acho que mudar de opinião - especialmente quando você sai da visão negativa para a positiva - é algo reconfortante. Me traz a sensação de que não sou prisioneira de minhas ideias, opiniões ou preconceitos; que continuo aprendendo coisas; que minha mente não está estagnada; que sou, como toda boa geminiana, flexível (não volúvel) e adaptável (não inconstante).

  Dito isso, venho a público reconhecer e recomendar TIL (1872), e estender uma bandeira branca para, finalmente, tentar uma trégua em minha turbulenta relação com José de Alencar. (rsrsrsrs)

  Antes de mais nada, queria deixar um pensamento que me ocorreu vária vezes durante a leitura de TIL. Algo que por implicância e falta de empatia eu nunca havia considerado até então: É muito duro ser ALENCAR no país de MACHADO.

  Simples assim!

 Lendo TIL eu constatei que por mais habilidoso e proficiente que ele fosse - e era mesmo! - toda a sua engenhosidade narrativa estava fadada a ser eclipsada pela majestade de Machado de Assis. E como agora estou convencida de que comparações são uma perda de tempo e uma injustiça, resolvi que daqui em diante vou ler Alencar por ele mesmo; um escritor produtivo, que abriu o caminho da literatura nacional para quem veio depois. 

  Gostarei de umas obras, talvez desgoste de outras, mas vou parar de birra. 

Paz e Amor, José! 

:)

...

  TIL conta a história de Berta, uma órfã que encanta todos e tudo à sua volta. Falando assim, até parece que estamos diante de uma trama fofinha, cheia de amor e romance, mas passa longe. O passado da menina - que só é revelado bem adiante na narrativa - esconde segredos medonhos, com consequências pesadas para a vida de personagens nos diferentes núcleos. 

  O modo com o autor vai apresentando os eventos causa, logo de início, a sensação de ele ia "esquecendo" de expor alguns fatos. Eu ficava meio na dúvida se estava perdida, ou se faltava informação. Mas a medida que a história avançava fui entendendo que os vários cortes de cenas iam criando um baita clima de suspense que me deixou grudada às páginas de TIL

  Os elementos sobrenaturais, a violência inesperadamente explícita, e o curioso relacionamento entre Berta e Jão Fera fizeram da minha segunda leitura do ano uma ótima surpresa que recomendo a todos os leitores de plantão.

"Sua obra é uma das minas da literatura brasileira, até hoje, e embora não pareça, tem continuidades no Modernismo. (...) alguma coisa do Grande-Sertão já existia em Til, no ritmo das façanhas de Jão Fera(...)"
  
  Quem sou eu para discordar de Robert Schwarz...


Um beijo e ótimas leituras.

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