13 de junho de 1888, em Lisboa, nascia o múltiplo, o desassossegado, o genial...
Eu gostaria de deixar registrado um pequeno apontamento, para que a lembrança fique, e para compartilhar com todos os fãs de literatura que passam por aqui dois poemas de Fernando Pessoa.
Autopsicografia foi o primeiro texto dele que conheci, e o poema 655 (de 1930) é o que considero mais tocante e o que melhor retrata quem foi e como se sentia o poeta.
Fernando Pessoa é uma joia preciosíssima na literatura universal.
Parabéns a todos que podem e querem desfrutar de todo este brilho.
AUTOPSICOGRAFIA
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
No. 655 - em POESIAS INÉDITAS (1930)
Se eu pudesse não ter o ser que tenho
Seria feliz aqui...
Que grande sonho
Ser quem não se sabe quem é e sorri!
Mas eu sou estranho
Se em sonho me vi
Tal qual no tamanho
O que nunca vi...
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