"Um Retrato"
"Coisa mais árdua no mundo, depois do ofício de governar, seria dizer a idade exata de D. Benedita. Uns davam-lhe quarenta anos, outros quarenta e cinco, alguns trinta e seis. Um corretor de fundos descia aos vinte e nove; mas esta opinião, eivada de intenções ocultas, carecia daquele cunho de sinceridade que todos gostam de achar nos conceitos humanos. Nem eu a cito, senão para dizer, desde logo, que D. Benedita foi sempre um padrão de bons costumes. A astúcia do corretor não fez mais do que indigná-la, embora momentaneamente; digo momentaneamente."
D. BENEDITA está dentro de PAPÉIS AVULSOS, coletânea lançada em 1882, que tem O ALIENISTA como "carro-chefe".
Escolhi este como primeira indicação para vocês - amigas e amigos do SALVA - por que além de ser um conto menos conhecido, é uma história muito divertida.
É um texto um pouco mais comprido, dividido em 4 capítulos, com 21 páginas nesta minha edição.
A personagem que dá título à história é uma senhora, mãe de uma moça de 18 anos, de um menino de 12 anos, e casada com um desembargador, que a dois anos e meio está ausente, trabalhando no Norte.
Trabalho associado a uns "amores com uma viúva".
D. Benedita, apesar de ficar ciente da situação, ter chorado "uma noite inteira" e afirmado ir tirar a história a limpo, não faz nada disso e continua viver sua vidinha normalmente.
No decorrer da história, quando estamos mais familiarizados com a protagonista, entendemos que ela é o tipo de pessoa superficial e inconstante em tudo; nas decisões, nas amizades, até nas leituras.
Uma mulher que é só impulso e nunca conclusão.
Seu contraponto é a filha Eulália, que conhecendo profundamente o temperamento da mãe e sendo o oposto dela, tira de letra todos os rompantes de D. Benedita e sempre pontua as certezas desta com uma mesma afirmação: "Isto acaba..."
Delícia de leitura!
É Machado inspiradíssimo. Crítico, ácido e irônico na medida certa.
O meu P.A. veio em dois volumes. |
É um texto um pouco mais comprido, dividido em 4 capítulos, com 21 páginas nesta minha edição.
A personagem que dá título à história é uma senhora, mãe de uma moça de 18 anos, de um menino de 12 anos, e casada com um desembargador, que a dois anos e meio está ausente, trabalhando no Norte.
Trabalho associado a uns "amores com uma viúva".
D. Benedita, apesar de ficar ciente da situação, ter chorado "uma noite inteira" e afirmado ir tirar a história a limpo, não faz nada disso e continua viver sua vidinha normalmente.
No decorrer da história, quando estamos mais familiarizados com a protagonista, entendemos que ela é o tipo de pessoa superficial e inconstante em tudo; nas decisões, nas amizades, até nas leituras.
Uma mulher que é só impulso e nunca conclusão.
Seu contraponto é a filha Eulália, que conhecendo profundamente o temperamento da mãe e sendo o oposto dela, tira de letra todos os rompantes de D. Benedita e sempre pontua as certezas desta com uma mesma afirmação: "Isto acaba..."
Delícia de leitura!
É Machado inspiradíssimo. Crítico, ácido e irônico na medida certa.
Um beijo e ótimas leituras!
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